Para evitar que a gravidez deixe as temidas manchas na face, é
importante entender o problema e tomar as providências necessárias. A
irregularidade típica dessa fase é conhecida como melasma ou cloasma
gravídico, e se caracteriza por manchas provocadas pela distribuição
excessiva de melanina nas duas primeiras camadas da pele, a epiderme e a
derme. “Após exposição solar, o escurecimento pode surgir nas
bochechas, na testa, no dorso do nariz, no queixo e acima do lábio
superior”, diz a dermatologista Ana Lúcia Recio, membro das Academias
Americana e Brasileira de Dermatologia. As incômodas manchas são, na
verdade, uma defesa da pele contra agressões como alterações hormonais,
uso de medicamentos e, principalmente, exposição ao sol. “É bom ter em
mente que, se a mancha apareceu, é possível clareá-la, mas ela pode
voltar se a pessoa continuar se expondo ao sol. É preciso ter cuidados a
vida toda”, diz Ana Lúcia.
Os três tipos de manchas
Além dos melasmas, há também as sardas e as melanoses solares, ou
manchas senis, que surgem na idade avançada em decorrência dos danos
causados pelo sol ao longo dos anos. As manchas senis costumam surgir em
áreas do corpo como mãos, braços, colo e ombros, e apresentam coloração
que varia do castanho ao marrom.
O sol é o principal responsável por todos os problemas. “A
radiação ultravioleta leva ao acúmulo do pigmento, pois gera a
hiperatividade do melanócito”, diz a dermatologista Ana Lúcia Recio. Os
tratamentos são semelhantes àqueles indicados para o melasma: cremes
clareadores, peelings e alguns tipos de lasers.
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Genética e hormônios
“O aumento dos hormônios femininos, estrógeno e progesterona, estimula o
funcionamento do melanócito, célula da pele produtora de melanina”, diz
o dermatologista Cristiano Tárzia Kakihara, membro das Sociedades
Brasileiras de Dermatologia e de Cirurgia Dermatológica. Além da
exposição ao sol, a lâmpadas e à radiação da tela do computador, as
manchas também são desencadeadas por permanência em ambientes com
temperatura elevada, distúrbios da tireóide e dos ovários e uso de
medicamentos como antibióticos e anticonvulsivantes. Os melasmas são
mais comuns em quem tem pele morena, e a herança genética determina se
uma pessoa terá ou não tendência ao problema. A profundidade em que se
localiza o pigmento determina o tipo de melasma: epidérmico, mais
superficial e que, portanto, responde melhor a tratamentos; dérmico,
profundo e de resolução mais difícil; ou misto.
Quanto antes tratar, melhor
Cuidados preventivos minimizam as manchas, segundo a dermatologista
Maria Paula Del Nero, membro das Academias Americana e Europeia de
Dermatologia. Como o principal fator desencadeante é o sol, é importante
evitar a exposição e jamais esquecer o filtro solar. “O ideal é aplicar
bloqueador solar com, no mínimo, fator de proteção 30, a cada duas
horas", diz a dermatologista Leila Bloch, da Sociedade Brasileira de
Dermatologia. "Mesmo quem vai ficar em casa deve adotar o hábito
diariamente, para se proteger da luz do computador ou até mesmo daquela
que entra pela janela”, afirma. "Usar uma base pode ser interessante
para unir a proteção química do filtro com a barreira física da
maquiagem”, afirma Leila. Na hora de escolher a base, opte sempre por
aquelas com filtro solar e que respeitem o grau de oleosidade da pele.
Se estiver em área externa, procure usar óculos de sol e se proteger com
chapéu ou boné.
Na hora de lavar o rosto, é preciso escolher os produtos com cuidado.
“Como a pele está sensível por causa das alterações hormonais, é melhor
que os produtos sejam suaves", diz o dermatologista Kakihara. "A
higienização correta é fundamental, pois prepara a pele para absorver da
melhor forma os ativos dos cosméticos”, afirma. Nessa fase, é comum que
os especialistas prescrevam hidratantes leves e cremes clareadores.
A seguir, o Jonathan Martins,
do Studio Theo de Sousa, em São Paulo, mostra como é possível
disfarçá-las
Cremes clareadores
São mais indicados nos casos em que há tendência genética ao problema.
Tais despigmentantes devem ser prescritos pelo dermatologista, pois
contêm substâncias como ácidos retinoico, salicílico, glicólico,
azelaico, fítico, lático ou mandélico, que bloqueiam a produção de
melanina e sua distribuição pelas células da epiderme. “Como há o risco
de sensibilização, é imprescindível o acompanhamento do especialista”,
diz Leila Bloch. Os resultados começam a surgir, em média, dois meses
após o início do tratamento, e a eficácia desses cosméticos depende da
profundidade da lesão. “Para os melasmas dérmicos, provocados pelo
acúmulo de melanina na camada mais interna, o efeito não será tão bom”,
diz o dermatologista Cristiano Kakihara.
Peeling
Pode ser feito durante e depois da gravidez por indicação médica. O
especialista passa um preparado na face que deve ser retirado algumas
horas depois. Após dois ou três dias, tem início o processo de
descamação e, com isso, a remoção de pigmentos. Duas semanas depois, a
superfície já está mais clara. “O ideal é que as gestantes apostem em
peelings menos agressivos, ainda que tenham que fazer mais aplicações”,
diz a dermatologista Ana Lúcia Recio. Dependendo da intensidade do
melasma, serão necessárias de três a seis sessões, com intervalo de duas
a quatro semanas entre elas. O preço varia em torno de R$ 200. O uso de
protetor solar é obrigatório e a exposição ao sol é proibida por, no
mínimo, um mês.
Laser
Há diversas tecnologias que podem ser usadas pelo dermatologista. “O
microdermoabrasão promove um afinamento do tecido epitelial. Além de
clarear manchas, aumenta a produção de colágeno e atenua marcas de
expressão”, diz Leila Bloch. Já a LIP (Luz Intensa Pulsada) gera um
calor na pele que atinge vários alvos, como melanina, vasos sanguíneos e
colágeno. Ambos os procedimentos minimizam o melasma em três a quatro
sessões, uma vez a cada 15 ou 30 dias. Recém-chegada ao país, a
tecnologia Spectra Laser Toning não esquenta a pele e atua diretamente
no melanócito, reduzindo seu tamanho. “É a melhor opção para combate
aos melasmas, com estudos científicos comprovados e aprovada pelo FDA
(Food and Drugs Administration, agência americana reguladora de
alimentos e medicamentos)”, afirma Maria Paula Del Nero. São realizadas
de oito a dez intervenções, uma por semana. “Ela preserva a pele
saudável, pois os pulsos são longos e de alta intensidade, agindo nos
pigmentos mais profundos e sem risco de inflamações e
hiperpigmentações”. Uma sessão de microdermoabrasão ou LIP pode custar
de R$ 200 a R$ 350. A do Spectra, cerca de R$ 500.